domingo, 15 de maio de 2011

Zanzalá participa do Seminário Direito à Memória e à Verdade com muita música


Apresentação trouxe a trilha sonora da época dos anos de chumbo

Uma época em que a palavra livre do artista era artigo de luxo. Durante o período da ditadura militar no Brasil, peças teatrais, filmes, espetáculos e canções eram censuradas e os operários da Cultura sofriam com a repressão. O Coral Zanzalá decidiu relembrar essa triste época no Brasil através da música. No dia 9/5, o Coral fez uma participação especial na abertura do Seminário “Direito à Memória e à Verdade”, organizado pela Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, no Bloco Cultural.
O repertório parecia nos levar a uma viagem no tempo e incluiu: “Procissão” e “Expresso 2222”, de Gilberto Gil; e “Angélica”, de Chico Buarque, todas melodias que retratam bem a época, principalmente o fim dos anos de 1960 e década de 70.
A Exposição “Direito à Memória e à Verdade”, que fica aberta até 15/5 no Bloco Cultural, servindo de cenário ideal para a apresentação musical. Formada paineis com fotos, textos e reproduções de documentos sobre o período da ditadura militar, são 110 imagens que acompanham o desenrolar do período, desde o golpe até a redemocratização.
Além das imagens jornalísticas dos arquivos da Agência Estado e do Senado, os painéis trazem reproduções de cartazes da repressão, identificando “terroristas”, cartazes com mensagens para a população e cópias de documentos da censura, como os que comentam a canção “Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso, ou outro que informa que liberaria a canção “Tiro ao Álvaro”, de Adoniran Barbosa, se as expressões “tauba”, “revorver” e “automover” fossem substituídas pelas corretas.
O texto de um dos documentos mostra bem como funcionava a censura: “Não há necessidade de ‘proibir’ o filme de arte, bastará cortar pequenas sequências de imagens, diálogos e trilha sonora”. Promovida pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, a mostra tem curadoria e textos de Vera Rotta, Valéria Rabelo e Marília Andrade e projeto gráfico de Leo Sodré. Para chegar em Cubatão, a exposição contou com a realização do Centro de Direitos Humanos Irmã Dolores e a Secretaria Municipal de Cultura.
Após a apresentação do Coral, foi realizado o Seminário, onde se discutiu a instalação da comissão da verdade para apurar crimes da Ditadura. Durante o seminário, o secretário de Cultura de Cubatão, Welington Borges, anunciou que a Prefeitura enviou à Câmara Municipal projeto de lei que troca o nome da Avenida Bernardo Geisel (sobrinho de Ernesto Geisel, um dos generais que se tornaram presidente durante o regime militar) por Dra. Zilda Arns. Além disso, o Governo Municipal já anunciou que promoverá consultas públicas para discutir outros logradouros e próprios públicos que levam nomes diretamente ligados à ditadura, como o Jardim 31 de Março (data do golpe), a Rua Castelo Branco e o Poliesportivo Humberto de Alencar Castelo Branco, o Castelão.

Texto: Morgana Monteiro
Foto: Carlos Felipe

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